Poema/Poetar XXIV
Poetar XXIV
Amar ou sofrer quem vai saber?
Quem disse que quem ama não sofre
Mentiu ou nunca amou! Sofrer é parte do amor
E de sofrimento em sofrimento
Faz-se do coração humano o estafar...
Quem ama sofre quando ausente está
Da pessoa de quem passou amar - que aresta -!
Consternar laborioso é amar – auto lá!
O pior é se apaixonar em vão
Tudo que de belo se fez
Amorfa na sombra da escuridão...
Por que temos de amar?
Não seria melhor tão só sonhar?
Digo a mim mesmo na indelével solidão
- O amor para mim, está deveras morto!
Cogito no inextrincável de um átimo tácito
E feneço desalinhado inerte absorto...
Queria ser um anjo para não amar,
Mas, sou um ser humano frugal, que pesar!
Queria saber como arredar tal sentimento
Queria a chave para podê-lo governar,
Mas sou só um poeta por vocação
E por mais que fuja sempre sucumbo a amar...
Mas quem me livrará da solidão?
Quem curará meu infante coração?
Já não sou mais eu aqui entrementes
Sou tão somente bruma fugaz
Circundado de inóspito jardim
Enleado no deserto do ignoto voraz...
Sou tão somente um sonho no ar
No arrufar do findar, meu acordar!
Nesse jogo sempiterno, diuturna peripécia
Vivendo a utopia de um retrogrado pospor
Vivendo minha vetusta dúvida latente
Que faz-me rumar retilíneo ao ditoso amor...
E nessa procura constante mora o engano
Do devanear errante de um mundo cigano!
Se o amor está morto, per que vivo está em mim?
Se já não mais existe, per que dói tanto aqui?
Não tenho a resposta, perco a razão
Quiçá ela esteja a me procurar, distante me perdi!...
Atino-me nesse meandro
Dia empós dia cogitando!
Hoje já não sei mais nada sobre o amor
Muito menos sobre mim!
Esse sentimento semovente desatinado
Que jamais obterá na existência seu fim!...
Mas... Onde ele acampa então?
- No silencioso gritar do coração!
Leandro Yossef (XXVII/XII/MMXXIII)