Poema/Poetar XXIV

29/12/2013 16:57

Poetar XXIV

Amar ou sofrer quem vai saber?

Quem disse que quem ama não sofre

Mentiu ou nunca amou! Sofrer é parte do amor

E de sofrimento em sofrimento

Faz-se do coração humano o estafar...

 

Quem ama sofre quando ausente está

Da pessoa de quem passou amar - que aresta -!

 

Consternar laborioso é amar – auto lá!

O pior é se apaixonar em vão

Tudo que de belo se fez

Amorfa na sombra da escuridão...

 

Por que temos de amar?

Não seria melhor tão só sonhar?

 

Digo a mim mesmo na indelével solidão

- O amor para mim, está deveras morto!

Cogito no inextrincável de um átimo tácito

E feneço desalinhado inerte absorto...

 

Queria ser um anjo para não amar,

Mas, sou um ser humano frugal, que pesar!

 

Queria saber como arredar tal sentimento

Queria a chave para podê-lo governar,

Mas sou só um poeta por vocação

E por mais que fuja sempre sucumbo a amar...

 

Mas quem me livrará da solidão?

Quem curará meu infante coração?

 

Já não sou mais eu aqui entrementes

Sou tão somente bruma fugaz

Circundado de inóspito jardim

Enleado no deserto do ignoto voraz...

 

Sou tão somente um sonho no ar

No arrufar do findar, meu acordar!

 

Nesse jogo sempiterno, diuturna peripécia

Vivendo a utopia de um retrogrado pospor

Vivendo minha vetusta dúvida latente

Que faz-me rumar retilíneo ao ditoso amor...

 

E nessa procura constante mora o engano

Do devanear errante de um mundo cigano!

 

Se o amor está morto, per que vivo está em mim?

Se já não mais existe, per que dói tanto aqui?

Não tenho a resposta, perco a razão

Quiçá ela esteja a me procurar, distante me perdi!...

 

Atino-me nesse meandro

Dia empós dia cogitando!

 

Hoje já não sei mais nada sobre o amor

Muito menos sobre mim!

Esse sentimento semovente desatinado

Que jamais obterá na existência seu fim!...

 

Mas... Onde ele acampa então?

- No silencioso gritar do coração!

 

Leandro Yossef (XXVII/XII/MMXXIII)